quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Maior tragédia da história do Metrô completa 10 anos com sentimento de impunidade

10 anos após o acidente com cratera do Metrô, 14 são inocentados e familiares das 7 pessoas mortas não foram indenizados
A maior tragédia da história do Metrô de São Paulo aconteceu na tarde de 12 de janeiro de 2007. Minutos antes do desmoronamento, 25 funcionários abandonaram às pressas o canteiro de obras da Estação Pinheiros da Linha 4-Amarela do Metrô. As paredes cederam por volta de 14h, uma sexta-feira. Em apenas 1 minuto e 50 segundos, o desabamento fez o buraco atingir 80 metros de diâmetro e 38 metros de profundidade.
Uma das primeiras vítimas a serem engolidas pelo buraco foi o motorista da obra Francisco Sabino Torres, de 48 anos. Em seguida, foi engolida a Rua Capri. Três vítimas da cratera do Metrô estavam no micro-ônibus que passava por essa via: o motorista Reinaldo Aparecido Leite, de 40 anos; o cobrador Wescley Adriano da Silva, de 22 anos, e um passageiro, o funcionário público Márcio Rodrigues Alambert, de 31 anos.
Os outros mortos foram: a aposentada Abigail Rossi de Azevedo, de 75 anos, o office-boy Cícero Augustino da Silva, de 58, e a bacharel em direito Valéria Alves Marmit, de 37 anos, que caminhavam na calçada da Rua Capri, usada como acesso dos operários ao túnel em perfuração.
O GPS do micro-ônibus indicava que ele estava 28 metros abaixo dos entulhos. O veículo ficou reduzido a um bloco de sucata com 60 centímetros de altura. A primeira vítima foi retirada pelos bombeiros no quarto dia de buscas. O último corpo foi encontrado no 13º dia.
Após 19 meses de investigação, o Instituto de Criminalística, da Polícia Técnico-Científica, concluiu o laudo sobre as causas do acidente e apontou que problemas de efetivação da obra ocasionaram a queda das paredes do túnel.
Foto: Divulgação

O Júri
No dia 18 de julho de 2016 a Justiça de São Paulo inocentou os 14 réus do caso da cratera do Metrô. Após a maior tragédia da história do metrô paulistano, 14 pessoas entre funcionários do Metrô, do Consórcio Via Amarela e de empresas que projetaram a obra viraram réus pelo desabamento. O consórcio Via Amarela era formado pelas empresas Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Em decisão de maio de 2016, a juíza Aparecida Angélica Correia, da 1ª Vara Criminal, considerou estar provado que os réus não concorreram para a infração penal. O Ministério Público defendeu na denúncia que os funcionários foram negligentes. A denúncia cita que foram detectados problemas no túnel no mês anterior a tragédia e, na véspera, a decisão dos responsáveis pela obra foi por instalar tirantes – estruturas de reforço. A obra prosseguiu, porém, sem a instalação dessas estruturas.
A juíza afirmou que ficou provado nas provas que o acidente provavelmente aconteceria mesmo com a instalação dos tirantes. Disse ainda que não houve indício do acidente e que os responsáveis tomavam os cuidados necessários.
O Ministério Público de São Paulo recorreu da decisão da Justiça de inocentar os 14 acusados pela cratera do Metrô, o Superior Tribunal de Justiça ainda não se pronunciou.
Foto: Tuca Vieira/Folhapress
Familiares
Uma década depois, familiares informam que ainda não conseguiram refazer suas vidas, o valor das indenizações ainda não foram pagos, moradores da região que tiveram seu apartamentos condenados por conta de rachaduras, danos estruturais em seus apartamentos, entre outros ouviram a promessa da Prefeitura de São Paulo que iriam pagar o valor total correspondente a desapropriação dos terrenos, porém até hoje nenhum valor foi depositado. Indenizações recebidas, foram de eletrodomésticos e eletroeletrônicos que tinham dentro de suas casas e apartamentos.
Sete pessoas morreram no local soterradas, engolidas pela cratera que surgiu na obra, perdas irreparáveis, vidas perdidas e os supostos culpados pelo ocorrido foram inocentados pela Justiça de São Paulo.
O consórcio e a construtora responsável pela obra pagaram indenizações aos familiares das vítimas, porém não é o suficiente para reparar a perda, vidas que partiram em uma tragédia, os valores nunca irão diminuir a dor da perda.
Texto: Igor Roberto (Reportagem Mobilidade Sampa)


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